segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Margaux Hemingway and Snake Charmer

Essa é uma história da minha vida que eu contei para muito poucas pessoas, mas resolvi conta-la aqui no meu blog.  

O ano era 1976
Eu tinha 20 anos de idade, e já era, modéstia a parte, um "Mestre" na arte da sedução. Já era bem respeitado na arte da conquista. Já tinha namorado e "pegado" as melhores garotas dos colégios que eu estudei e das rodas sociais que eu frequentava.   
Até que um belo dia, eu recebi um telefonema que tudo mudou. E para melhor.
Um amigo meu, na época já um famoso fotógrafo chamado Chico Aragão, pediu que eu fosse no dia seguinte ao seu estúdio porque ele iria fotografar uma modelo e não queria ninguém no estúdio a não ser eu que iria dar uma de assistente. E ele sabia que eu era o cara certo!
E lá fui eu, e para minha surpresa a modelo, nada mais, nada menos, era, na época a modelo mais famosa do mundo!

Margaux Hemingway.
Uma das maiores modelos internacionais dos anos 1970 e 1980, também com incursões pelo cinema, em seu auge, na segunda metade da década de 70, foi capa da revista Time simbolizando a nova geração de modelos da época, chamada de "a face uma nova geração da moda" e alcunhada pela revista VOGUE norte-americana de "Nova supermodelo de Nova York", a primeira vez que esta expressão foi usada para uma modelo dos Estados Unidos
Foi também a primeira modelo do mundo a ter um contrato de publicidade de 1 milhão de dólares, no caso, com a empresa de cosméticos Fabergé. 
Fonte: Wikipédia.

A primeira modelo TOP MODEL do mundo!

E lá estava EU. Diante daquela Deusa da beleza. 

Passei o dia inteiro "trancado" no estúdio com o Chico Aragão e ela. Em um determinado momento, em que eu segurava um rebatedor de luz, ela estava olhando para a lente da Hasselblad, quando o Aragão falou para ela: 
- don't look at me, look at him!

Nesse caso o "him" era eu
Nesse momento começou a mágica, olhos nos olhos, ela fazia caras e bocas olhando nos meus olhos, olhares sensuais, sérios, alegres, enfim, várias caras e caretas.
E eu não despreguei os olhos, ela percebeu que eu estava firme e forte, flertando com ela com prazer e vontade. Para minha sorte por algumas horas ficamos nesse troca troca de olhares.
Puro prazer platônico. 
Indescritível. 

Ela me chamava de: Little mouse, the snake charmer! 
(Rattinho, o encantador de serpentes)
Foi um dos melhores elogios que eu recebi na vida.

Mas o dia chegou no fim. 
Ganhei dois ou três beijos na buchecha, se tivesse sido na boca eu não estaria aqui escrevendo, eu estaria em coma.

Eu guardo essa foto que foi revelada no estúdio, até hoje. Na aquela época as maquinas de fotografias usavam filmes, e alguns estúdios tinham uma sala de revelação. Para minha sorte.

Na foto que ilustra esta postagem,
 ela estava olhando nos meus olhos e eu nos olhos dela.

Depois desse dia, eu mudei.
A minha auto confiança em relação as mulheres mudou, já era forte, ficou inabalável. 
Eu nunca fui um cara bonito, alto e forte, então aprendi desde cedo a jogar uma boa conversa, a ser simpatico, educado e gentil, me fazer interessante e principalmente fazer ela se sentir única, especial, a mais bonita, a mais gostosa, a mais amada. (Mesmo que não fosse verdade).
Diversas vezes estive em estúdios de fotografias, com grandes modelos sendo fotografadas e eu falava: Não olhe para a lente olha para mim!
E de novo, olhando nos olhos de mulheres incríveis, Top Models
Momentos inesquecíveis. 

Tá certo, eu tinha essa moral de fazer isso porque era amigo dos grandes fotógrafos da época, como Luiz Tripoli, JR Duran, Paulo Rocha, Klaus Mitteldorf, Sérgio Saraiva, Miro, entre outros e tinha trânsito livre nos estúdios e agências. Eu conhecia todo mundo e todos me conheciam. Época de ouro. 
E mais, para melhorar, também namorava e era amigo das modelos mais bonitas que tinha no Brasil.

Fui dono de uma das melhores agências de modelos da época, a Booking e fui sócio de um dos maiores fotógrafos, Heitor Serapião (R.I.P) no famoso Polistudio

O Chico Aragão, dois anos depois disso mudou-se para New York e continua fotografando por lá.

Quanto a Margaux, morreu aos 41 anos , no dia 10 de julho de 1996.


Margaux Hemingway tinha apenas seis anos quando seu avô, o escritor Ernest Hemingway, autor de clássicos como "O velho e o mar" e "Por quem os sinos dobram", suicidou-se no dia 2 de julho de 1961 com um tiro de espingarda na boca. Hemingway seguia a trilha do pai, que também se matou em 1928. Décadas depois, em 1982, o irmão cumpria igual destino. Coincidência ou não, a bela atriz e modelo americana acabou protagonista de uma tragédia semelhante. Na terça-feira 2, a polícia de Santa Mônica, na Califórnia, encontrou o corpo da atriz em estado de decomposição no mesmo dia em que seu avô se matara, há 35 anos. Segundo a polícia, a morte de Margaux, ocorrida um dia antes, teria se dado por causas naturais. 

                                 






1976 - 2019
(43 anos)

Confesso que essa é a minha única postagem que eu fiquei com lágrimas nos olhos, e você Margaux esteja em paz.